terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Livro rubro

Tiro da estante aquele
velho livro empoeirado.
Ali a história de um amor 
a muito tempo passado.
Nas páginas o poeta indo ao encontro
de sua musa.
Assim não tão distante em tempo
mas levando uma eternidade toda para encontra-lá.

Assim se fazia a história do poeta
que mesmo descascado pelo tempo
e amarelado pelo uso,
registrou, um dia, em páginas novas
tão secreto sentimento. 
Assim se fez o mistério corrente
de uma vida transcendente
que insistiu em marcar outros olhos.

Ali onde não mais a pele era o que importava
a verdadeira manifestação se fez presente,
mesmo tendo a capa rubra
seu interior ainda era novo, 
como uma página em branco,
mostrou discreto a caneta
e esperou para marcar outra história.





(Acabei de ler Pessoa)

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Ultima estação

Eu fui um dia poesia de fim de tarde,
um sorriso sincero e discreto de alarde,
um despertador dos dias sem sol.
Hoje eu sou uma luz que mal brilha,
uma nuvem que condensa a tempestade
e um chão onde se pisa.
Hoje me tornei um vício que inebria
causa euforia e depois sem mais delongas morre.
Em memoria de um vazio que não existe
com sentimentos que partiram e não colam mais,
condolências ao que foi um dia um amor.
Aquele mais puro e verdadeiro que a Cruz pode ter
Aquele que a Rosa fez brotar
Aquele que agora não tem par.

Parto e reparto para aqueles que quiserem ficar.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

(Não achei um título para isso, alguém me dá uma sugestão?)

Chega aquele momento único em que só existe você, a tela e as teclas. 
Nesse momento não importa o barulho que está lá fora ou se o sol já se pôs, é você e simplesmente você a perceber o quanto é raso o seu universo e falho os seus gestos. As palavras se condensam, momentos de eterna luz a brilhar se materializam em pequenos versos que não ousam não tilintar.
se esvai a sabedoria, as formas e cadências sentidas, resta apenas o expressar.
Diferente dos verbos que encerro, incertos em suas pretensões, faze-se assim um espectro marcado com inúmeras ilusões.
talvez marcando o compasso inverso de tudo o que atesto e mudo, talvez apenas mais um beco escuro a esperar de mim algum descuido.
só não contesto, pois o certo é o real e o real é a Verdade e dela não duvido apenas escuto e transmito para na inação não pecar.  

domingo, 16 de novembro de 2014

Será?!

Será que busco um novo rumo?
Ou será que continuo a remar?

Será que tomo prumo?
Ou insisto em ficar?

Será que escolhi um caminho?
Ou me iludo ao pensar?

Será que que continuo?
Ou me arrisco a voar?

Será?
Só sei que Ser(há)!!!

domingo, 12 de outubro de 2014

in (atividade)

e fica estático,
uma espera, uma ação, um respiro.
é um elástico,
que vai, volta e faz um redemoinho.
sem laço,
no deserto o paraíso é o oásis
no caminho.
sem verbo faço
o fácil é só um veredito.
o breve espaço
e no fim o Infinito...

sábado, 16 de agosto de 2014

Sol(i)um

O momento é de quebra
no qual relato a reserva
do meu cansável ser.

A paciência se esvai,
em qual momento ficou vazia
e sumiu toda a magia da tela ai enluarar?

Perseverança aqui estou
não a te buscar
mas a olhar o que ficou.

Isso o que restou, tornou-se ouro
e alimenta cada vez mais
um tesouro que é
impossível de se guardar.

Fez-se a alquimia,
transmutou-se os metais na harmonia,
para no Espírito ficar.

Repouso agora sem fim
em meu ultimo embarcar...

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Pinheiro

Olho pela janela,
o dia está claro e o
vento sopra suave em
seu respirar.
Fixo os olhos no balançar
do pinheiro
que majestoso se destaca na
paisagem urbana,
que sendo acariciado pelo
leve vento dança
com seus galhos flexíveis
trazendo também os sentidos aos
ouvidos com sua música feita
de espinhos.

Me traz a tona a mensagem a
algum tempo ouvida:
" Não acredito em um Deus que não dança"...

sexta-feira, 11 de julho de 2014

do movimento inconstante
da minha alma e mente
que em todo tempo presente
faz da vida um terreno
plano e certo dos movimentos
que transitam em seu meio.

Faço destes planos certos
um movimento concreto
de nada fazer
a não ser viver...

sábado, 21 de junho de 2014

Solstício

Configura-se o pleno esplendor
das maravilhas terrestres que hoje passeiam
e verse o manifesto mais recente
da habilidade perene de não se manifestar.

Hoje solstício
Sóis e mais sóis a brilhar
intensamente vão.
Uma só luz não cega
Uma só fé não se perde
Um só e só...

terça-feira, 17 de junho de 2014

Desvarios Sedentos?

Em algum sonho louco 
Naquelas noites desvairadas 
que a vida às vezes nos permite ter
Você me apareceu como um relâmpago
com toda sua luz reluzente
e brilho cegante.

Mas te olhei 
como só aqueles apaixonados 
por sua força podem olhar.
Abracei-te desesperadamente
como se meu ar dependesse daquele instante.

E dependeu
Voei e percorri por caminhos desertos
e vi de cima e de lado as peripécias 
de civilizações já extintas.

Fui e vi
que cada pedaço de pedra 
ou desenhos entalhados 
são fundamentos básicos de cada partícula de Ser.

Mostrei aos que me ouviam
a Essência que consistia cada cor
em determinado espaço,
cada som em seu período de tempo.

Falei, mas a minha voz não soa
Falo através de outros meios
Que só quem entende o silêncio escuta...                                                                                    

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Chave

Despeço-me com certezas de fé.
Despeço-me por confiar que tudo muda.
O que é uma chave?
Não é o mecanismo que tranca e destranca?
Apenas dois pólos
Um o inverso do outro.

Existe apenas uma chave
a que só abre e se desfaz
em perpétuo sossego.
Existe uma urna, uma arca
em que monumentos não condizem
com a sua real beleza.
Existe um único instante
em que todas as vontades
se curvarão
e esta chave abrirá o nosso cofre então.

A Chave nos olhos daqueles que virão
e trarão consigo a paz do Reino São...

sábado, 14 de junho de 2014

Há tempos

Saio de um descaminho que caminha
andante sem direção.
Prossigo em meandros de vales imensos
seguindo a direção de rios que não sei onde dão.
Perdida?
Não.
Apenas não definindo limites
para onde meus pés vão.
Sozinha?
Sim, somente eu e meu coração.

As vozes que me calam
Fazem mais sentido que as minhas vozes que falam
um blá, blá, blá
sem razão.

Canto nos cantos de pedras que não cessam de rolar.
Canto nas águas que me levam a flutuar
Deitada nos seus ventos voo sem parar
até um dia no mar chegar
e no meu navio embarcar...

domingo, 8 de junho de 2014

inspiração

Em qual beco estranho do meu peito
habitas tu que me faz respirar com alívio transcendente
e humano?
Em qual canto de rua de minha consciência se esconde
que não te vejo de modo algum?
Em qual janela fechada do meu pensamento
se faz sombra e não clareia em tempo nenhum?
Em que fase ou contexto aparece mais ou menos
para que te sirva sem proveito?

És a minha dona
e tu és minha.
O que não percebia
era que sou eu quem fecho suas portas
e não você que as abre.
Tu estás sempre ao meu lado
e eu no meu eterno limitar
te busco errado,
e errante vou agora sem limites
e com você me fazendo companhia
para sempre me inspirar.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Untitle

Te vejo nos olhos com aquela verdade
com que poucos podem olhar.
Vejo e não muito além daquilo que se parece
não restar se entrega.
Por que fazes parecer uma felicidade instantânea
quando a verdade destacada te mostra
sem sombra de dúvidas aquilo que você é
e aquilo que você quer?
Sê apenas esse é o caminho,
sem direções ou obstáculos mirabolantes,
é simples assim sê
e a verdade te mostrará o fim.

domingo, 25 de maio de 2014

Chega de Saudade

Chega de Saudade,
ou aliás saudade chega.
Chega e transborda de inverno
o meu riacho interno
que me deixa amar.

Chega saudade e engloba
o monumento estancado à tua desordem
que me vem desabrochar.

Chega saudade
me mata com seu sussurrar
de palavras doces
que em mim não vão mais habitar.

Chega saudade
e faz de mim mero instrumento
de uma paz que insiste em pairar.

Chega saudade
e traz a tua felicidade
que em meu peito não tem a chance de brotar.

Chega saudade
e levanta o meu rosto em chamas
de um eterno envergonhar.

Chega saudade
e me devora até mais nada
me restar...

domingo, 18 de maio de 2014

Círculos Concêntricos

Passeio pelos meus eternos círculos concêntricos
e ao passeá-los vejo quão risíveis são.
Brinco como criança nessa roda que me fizeram acreditar
ser a pura forma do infinito, mas que de infinito não tem nem o pulsar.
São retornos sempre ao mesmo lugar,
paisagens diferentes, neste eterno circular.
Circulo rindo de cada passo dado, sem aqueles
que um dia passaram por lá.
Circulo em euforia irônica em cada breve olhar.
Sigo pelos círculos que nada tem a falar.
Por que será?
Calaram-se assim, depressa
com meu novo despertar...

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Porto

Parei o meu barco
em um porto sem fim,
mal sabia que este porto
ficava dentro de mim.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Longo caminho

Me entorpeço ao ver
Quão longe eu cheguei.
Me enjôo ao perceber
O que causei.
Me vejo em evidencia
Como nunca ousei.
Para um dia em minha em minha ausência
Me tornar o presente que deixei.

sábado, 10 de maio de 2014

Rumos novos

Novos rumos se traçam em lugares distintos.
Muitos são os caminhos a percorrer,
mas apenas um podes escolher.
Escolho aquele que me ilumina
e ali resido feliz.
Seguindo o caminho em que a
luz sou eu e o caminho também.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Padrão

Me desfaço do padrão
que não existe em meu pensar.
Padrão simétrico e ritmico
que nunca me deixa falhar.
Me permito me desfazer das amarras
do nunca sonhar.
Minha liberdade agora impera
e, também, seu eterno fadar.
Fardo que carrego com graça
de ser menina de alma e velho no falhar.
Falho porque a perfeição
é o que vim buscar.
Busco e esta busca é insistente
e descontrolada pro meu velho
e eterno destonar.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Véus

Os véus se desfazem
como poeira no ar
e trazem a verdade aos olhos
daqueles que sabem olhar.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Não à poesia

Não gosta de poesia?
Não faço porque gostas ou não,
Faço apenas por amar o que faço
e ao amá-la sorrio insistentemente.
Não gosta de poesia?
Vai com gosto pela vida e
deturpe a beleza que te instiga.
Não gosta de poesia?
Perdes grande parte da sua vida
que dela faz.
Não acredita? Então, poesia-a?

domingo, 27 de abril de 2014

Mudança

Hoje o céu se abre
e carrega para si uma enfermidade.
Traz a cura em bandeja de ouro
e com ela a felicidade.
Cicatriza aquilo que ficou
com o fogo santo do amor
que sempre reinou.
Encontrou-se a morada da paz
para desfrutar em todos os seus lados
como sempre se buscou.
O amor, o maior do mundo, repousou
silenciou de seu desespero e enfim
adormeceu.
Dormiu seu sono profundo
para acordar naquilo que de novo nasceu.
Não é pedra, não é ar,
é a pureza em cada tilintar.
O sorriso, só expressão interna
do imenso verbo amar.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Ou

Não bebo o vinho,
Não sou de pedra,
Humano sou e 
Humano sei aonde vou.

Não tenho lírio,
Nem a fera
Tenho aquilo que sou
e o caminho pra onde vou.

Não tenho silo,
Não tenho terra,
onde o bem foi plantado
é onde estou.

Não tenho medo,
Nem a espera
Faço aquilo que
minha voz soou.

Não quero ter eu só quero ser
e eu sou ...

Sou EU

Sigo por todos os lugares,
procurando a essêcia que sou.
Trajeto incerto que percorro,
mas sei pra onde vou.
Caminho pelos passos que me guiam,
e some meu eu, evaporou.
Saio da nuvens do desasossego,
me deixo e encontro aquilo que verdadeiramente sou. 

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Aguentaria ?

Por que não me aguentaria
se meu verbo não é estático e
nem parasita do mundo que me rodeia?
Por que não me aguentaria
se minha voz sempre cala minha euforia
desmedida de meus propósitos humanos?
Por que não me aguentaria
se sou todo espectro e manifesto
de outra terra?
Por que não me aguentaria
por saber que aqui não vim ficar
e, logo, vou sair pra não mais voltar?

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Pux

Puxões de orelha

ou

na caneta

tanto faz

o que se faz com

eles é que traz

a diferença em saber

qual diferença faz ...

Me II

Me ofusco,
Me escondo,
Me refugio.

Me lanço,
Me postergo,
Me incito.

Me vou,
Me abrigo,
Me sumo.

Subo
E não desço mais...

sábado, 12 de abril de 2014

Me

Me fui por tantos lugares.

Me fiz em tantas tiragens.

Me refiz nos meus versos.

E acabei sendo a minha poesia.

Sei lá

Me amparo naquela Luz
que guia os caminhos controversos de outrora.
Conto ou versos maneiras distintas da mesma manifestação
indiscriminável e eterna.
Canto o verso por assim me fazer feliz e transitar entre
a chuva e os trovões que hoje me cercam.
Formam-se os versos quando os verbos
são concretos e as imagens ainda não.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Nova Curitiba

No trânsito inconcert
Da metrópole em desenvolvimento,
Envolvo-me nesse descompasso frenético
De rapidez e mediocridade
Que se tornou a tão bela Curitiba
De anos atrás.

Vejo as vias, paradas, em rápidas
A chuva fina enerva os desavisados
Que em todos os dias nublados
Se esquecem da possibilidade
De água cair do céu e inundar
As vielas que passam
Trazendo assim o transtorno do novo dia.

Faz-se o inimaginável a este povo,
Traz-se a má educação dos estrangeiros,
O tempero podre da pressa
Que ao se chegar à estação tubo
Saem degladiando-se os que descem e os que sobem.
A educação ficou em casa neste dia de chuva
Junto com o bom senso fazendo companhia.

sexta-feira, 7 de março de 2014


Estandarte de pedra,
Força da Criação.
Nasceu no momento exato,
Brilho e Salvação.
Nunca uma rima concreta,
Apenas a presente sensação,
de um incandescer numa reta
e viver em um turbilhão.
Passando desapercebida a seta,
que me leva ao teu coração.
E canto sem rima ou sem métrica,
para passar na oração.
Sublime limear do profeta,
que que encena a sua missão. 
Aos ouvintes promeve a dialética
Sem causar confusão. 
Aos que compreendem o seu recado
Só resta viver a oração.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Já quase na hora de voltar
Conto os meus causos aos que ousarem ficar.
Tragos as timas em minhas narinas ensanguentadas
do Fel de um pulsar.
Pulsa e não sem sentido
no seus passos largos a andarilhar.
Senta na alma imunda que insiste em gusrdar.
Vocifera aos quatro cantos que não aguenta mais esperar.
E morre no desencanto de nunca ter sabido amar.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Reporto

Passo desapercebida diante dos vários olhos que passam
sem ver qual é o verbo que os guia e não se manifesta.
nas ruas, miseras ruas, da cidade sorriso que já banguela 
das bofetadas e batidas de corações pedra hoje perde seu brilho
por não ver o doce sorriso ainda que sem dentes mas manifesto
de seu riso perfeito de dia ensolarado.