terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Livro rubro

Tiro da estante aquele
velho livro empoeirado.
Ali a história de um amor 
a muito tempo passado.
Nas páginas o poeta indo ao encontro
de sua musa.
Assim não tão distante em tempo
mas levando uma eternidade toda para encontra-lá.

Assim se fazia a história do poeta
que mesmo descascado pelo tempo
e amarelado pelo uso,
registrou, um dia, em páginas novas
tão secreto sentimento. 
Assim se fez o mistério corrente
de uma vida transcendente
que insistiu em marcar outros olhos.

Ali onde não mais a pele era o que importava
a verdadeira manifestação se fez presente,
mesmo tendo a capa rubra
seu interior ainda era novo, 
como uma página em branco,
mostrou discreto a caneta
e esperou para marcar outra história.





(Acabei de ler Pessoa)